História mural

História mural

O artista João Fazenda criou para este espaço uma história visual da pintura mural, evocando alguns dos seus momentos. 2025.
As primeiras pinturas que se conhecem foram feitas nas paredes de cavernas habitadas pelos seres humanos da pré-história. Inúmeras civilizações pré-clássicas, clássicas e posteriores, pintaram nas paredes, mostrando as atividades do quotidiano, a flora e fauna da região, glorificando deuses e reis, transmitindo mensagens religiosas e políticas.

Nem sempre essas pinturas tiveram a função de representar: tinham antes o papel de convocar ou afastar espíritos, augurar boas colheitas, ou celebrar acontecimentos. 

A pintura mural, embora nunca tenha desaparecido, teve novo estímulo no século XX na sua função decorativa e política

No Ocidente, a pintura mural conheceu grande desenvolvimento no final da Idade Média e com o Renascimento Italiano, sobretudo a técnica do fresco, que consistia em aplicar em gesso húmido pigmentos de cor misturados com água. Este processo dava grande qualidade e durabilidade às pinturas. Ao longo do século XVI, os artistas desenvolveram técnicas de fresco e secco combinadas, para aumentar a amplitude de possibilidade da pintura mural. A técnica a secco implica misturar o pigmento com um elemento ligante como a clara de ovo, cola ou óleo para que a tinta fique presa à parede. A pintura mural, embora nunca tenha desaparecido, teve novo estímulo no século XX na sua função decorativa e política, e foi usada para promover a vida moderna (em clubes e cafés por exemplo), para propaganda de ditaduras, ou para mensagens revolucionárias e de resistência.

As pinturas que Almada fez para Alcântara e Rocha do Conde de Óbidos misturam técnica a fresco e a seco, e o processo de restauro implicou testar várias possibilidades de combinação de materiais. Vários desses testes podem ser vistos no Centro Interpretativo (cedidos pela empresa de restauro Nova Conservação). O restauro foi feito graças à angariação de fundos pelo World Monuments Fund e foi filmado pela cineasta Graça Castanheira.

O artista João Fazenda criou para o Centro Interpretativo uma história visual da pintura mural, evocando alguns dos seus momentos: a pintura rupestre, a pintura dos antigos egípcios, a Antiguidade Clássica, a Idade Média, a arte Azteca, o Renascimento e o Maneirismo, as paredes pintadas da Lunda em Angola, o próprio Almada Negreiros a pintar as Gares Marítimas, os muralistas mexicanos, Miró, as paredes cobertas pelos murais do PREC (Período Revolucionário Em Curso) que sucedeu à Revolução do 25 de Abril de 1974, e a Street Art, oficial ou clandestina, que hoje vemos nas paredes das cidades.