Lisboa - Caixotes contendo bagagem de retornados das ex-colónias no cais da gare marítima de Alcântara (1975). Autor: Gouveia. Arquivo Nacional da Torre do Tombo.

Chegadas

Lisboa - Caixotes contendo bagagem de retornados das ex-colónias no cais da gare marítima de Alcântara (1975). Autor: Gouveia. ANTT – Arquivo Nacional da Torre do Tombo.
As Gares de Alcântara e da Rocha do Conde de Óbidos foram palco de várias chegadas

As dos viajantes, turistas ou pessoas que queriam entrar na Europa vindos do outro lado do Atlântico e aqui atracavam, as dos africanos que vinham estudar na Casa dos Estudantes do Império, mas também as dos soldados que combatiam na guerra perpetrada pelo Estado Novo para manter os territórios colonizados e regressavam no final das suas missões. Também os corpos dos que morriam chegavam muitas vezes por via marítima. 

Outros casos, relatados pela historiadora Cláudia Castelo, eram os da migração para Portugal (enquanto metrópole) de pessoas africanas, que muitas vezes vinham clandestinas nos barcos (e, se descobertos, eram repatriados). Havia pessoas que viajavam legalmente para trabalhar como criados ou criadas nas casas de patrões brancos, e que podiam ter sido, em alguns casos, seus patrões nas então colónias, tendo decidido regressar à metrópole trazendo os empregados.

Em 1975, deu-se a chegada de mais de meio milhão de pessoas vindas de África no processo das independências, algumas que nunca tinham vindo à metrópole, e que trouxeram o que puderam dos seus bens em caixotes que cobriram o cais durante vários meses.

E havia ainda os filhos de pai branco e mãe negra, que vinham para estudar ou ser educados pela família paterna.

Finalmente, em 1975, deu-se a chegada de mais de meio milhão de pessoas vindas de África no processo das independências, algumas que nunca tinham vindo à metrópole, e que trouxeram o que puderam dos seus bens em caixotes que cobriram o cais durante vários meses. As fotografias e filmagens desses caixotes constituem as imagens mais fortes e simbólicas do fim do colonialismo europeu. 

Entrevistas aos historiadores Cláudia Castelo, Miguel Cardina, Julião Soares Sousa e Morgane Delaunay. Entrevistas por Mariana Pinto dos Santos, imagem e montagem de Tiago Figueiredo, 2025.