
Almada Negreiros, Artista

A 7 de abril, José Sobral de Almada Negreiros nasce na Roça Saudade, em São Tomé, ilha pertencente ao arquipélago de São Tomé e Príncipe, colónia portuguesa até 1975. Seu pai, António Lobo de Almada Negreiros, era natural de Aljustrel (nascido em 1868), e foi poeta, jornalista e administrador de S. Tomé entre 1890 e 1899. Sua mãe, Elvira Freire Sobral, nascida em 1873, era filha de um proprietário rural português e de uma angolana. Educada no Colégio das Ursulinas, em Coimbra, tinha uma grande habilidade para o desenho.
Nasce o irmão, António Sobral de Almada Negreiros. A 23 de abril, embarca para Lisboa, com os pais e o irmão e já não voltará. Os pais regressam a São Tomé em novembro, ficando Almada com o irmão em Cascais, na casa dos avós e tios maternos.

A 29 de dezembro, morre a mãe, com 24 anos, quando esperava um terceiro filho.

É internado, com o irmão, no colégio dos Jesuítas de Campolide, Lisboa. Nas raras vezes em que saem do colégio nos períodos de férias, residem com os tios maternos. O pai passa a residir em Paris e volta a casar.
Passa a frequentar o Liceu de Coimbra, depois do encerramento do Colégio de Campolide devido à implantação da República. Vive com o irmão em casa de um amigo do pai.
Matricula-se na Escola Internacional de Lisboa. Faz, com 18 anos, a sua estreia artística, publicando um desenho humorístico na revista lisboeta A Sátira.
Publica desenhos humorísticos. Escreve as primeiras peças de teatro: O Moinho (texto perdido), e 23, 2.º Andar.
Participa no I Salão dos Humoristas Portugueses, no Grémio Literário, em Lisboa.

Durante algum tempo reside com o irmão em casa dos tios.
Pinta quatro óleos sobre tela, destinados à decoração da Alfaiataria Cunha, na Baixa lisboeta.
Frequenta o café A Brasileira, no Chiado. Fernando Pessoa faz a primeira referência a Almada nas páginas dum diário: «Fui com o Almada Negreiros ao quarto dele ver os trabalhos para a exposição; achei muito bons.»
Realiza em março a primeira exposição individual, com cerca de noventa desenhos, na Escola Internacional de Lisboa, sobre a qual Fernando Pessoa publica uma crítica.
Participa na 2.ª Exposição do Grupo de Humoristas Portugueses, em Lisboa.
Participa na revista de vanguarda dos poetas Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, Orpheu n.º 1, com os poemas em prosa «Frisos».
Participa na I Exposição de Humoristas e Modernistas realizada no Porto.
Escreve o poema A Cena do Ódio que assina «Narciso do Egipto», destinado à revista Orpheu n.º 3, que não chega a ser publicada (o poema é publicado parcialmente em 1923 e integralmente em 1958).
No Verão encontra-se, em Lisboa, com Sonia e Robert Delaunay, vindos de Espanha, onde tinham sido surpreendidos pelo início da Grande Guerra. O casal instala-se em Vila do Conde durante dois anos e Almada troca uma intensa correspondência com eles, sobretudo Sonia, planeando vários projectos e a Corporation Nouvelle, que seria formada pelo casal Delaunay, D. Rossiné, pintor russo que vivia em Paris, e pelos portugueses Almada, Eduardo Viana e Amadeo de Souza-Cardoso, a que se juntariam os poetas Guillaume Apollinaire e Blaise Cendrars. Nada se chega a concretizar.

Escreve o conto «Saltimbancos (Contrastes Simultâneos)» e o poema «Mima-Fataxa – Sinfonia Cosmopolita e Apologia do Triângulo Feminino» (publicados em 1917 na revista Portugal Futurista).
Coreografa o primeiro bailado, O Sonho da Princesa na Rosa.
A 26 de abril, Mário de Sá-Carneiro suicida-se em Paris.
Publica o poema Litoral, dedicado a Amadeo de Souza-Cardoso.
Em julho, publica o Manifesto Anti-Dantas e por extenso, que redigira no ano anterior, depois de assistir à estreia da peça Soror Mariana de Júlio Dantas, à qual reagiu com uma pateada. Consta que Júlio Dantas compra toda a edição e impede a sua circulação.
Em dezembro, escreve e publica o manifesto Exposição Amadeo de Souza-Cardoso, Liga Naval de Lisboa. Anos mais tarde dirá que fez nessa altura um pacto artístico com Amadeo e Guilherme de Santa Rita junto do quadro Ecce Homo, no Museu de Arte Antiga, rapando cabelo, barba e sobrancelhas.

Publica o conto futurista K4 O Quadrado Azul.
A 14 de abril, organiza com Guilherme de Santa Rita a 1.ª Conferência Futurista no Teatro República, na qual pronuncia o manifesto «Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do Século XX» – depois publicada no Portugal Futurista com a famosa fotografia de Almada em fato-macaco.
Em outubro, escreve e manda imprimir em folha volante o manifesto Os Bailados Russos em Lisboa. Assiste aos espectáculos dos Bailados Russos em Lisboa em dezembro e convive com o diretor da companhia, Serguei Diaghilev, e os bailarinos.
Sai o número único da revista Portugal Futurista, com vários textos de Almada, que é imediatamente apreendida pela polícia e impedida a sua venda.
Publica A Engomadeira – Novela Vulgar Lisboeta.

Coreografa e desenha os figurinos do bailado A Princesa dos Sapatos de Ferro, onde também dança os papéis da Bruxa e do Diabo.
A 29 de abril, morre Santa Rita Pintor.
Coreografa O Jardim da Pierrette, para o qual também desenhou cenários e figurinos, e o bailado O Sonho do Estatuário.
A 25 de outubro, morre Amadeo de Souza-Cardoso.

Parte para Paris em janeiro. Vive num quarto de pensão e trabalha como bailarino de cabaret. Conhece, entre outros, Max Jacob, Pablo Picasso, Erik Satie e Constantin Brancusi. Escreve vários textos em prosa e poemas e dedica-se ao desenho.
Em agosto, vai para Biarritz, onde trabalha na boîte Patapoom, dirigida por Homem Christo Filho. Volta a Paris em setembro, onde trabalha como operário numa fábrica de velas de iluminação.

Regressa a Lisboa, no dia em que faz 27 anos. Realiza a sua terceira exposição individual, com desenhos feitos em Paris, no Salão Nobre do Teatro de São Carlos.
Interpreta um vilão no filme (perdido) O Condenado, realizado por Mário Huguin.
Participa no III Salão dos Humoristas Portugueses, na Sociedade Nacional de Belas-Artes, em Lisboa.

Realiza, no dia 3 de março, na Liga Naval de Lisboa a conferência A Invenção do Dia Claro, apresentada por António Ferro. A edição em livro da conferência sai em dezembro na editora Olisipo, de Fernando Pessoa.
Entre outros textos, termina a peça de teatro Antes de Começar, que seria estreada em 1949 e publicada em 1956.
Intervém no Comício dos «Novos» no Chiado Terrasse, no contexto de uma tentativa de tomada da Sociedade Nacional de Belas Artes por artistas mais novos.
Inicia a colaboração na revista Contemporânea (que se prolongará até 1926).
Viaja a Madrid em agosto, participando na tertúlia do café El Pombo, liderada por Ramón Gómez de la Serna.

Publica o livro Pierrot e Arlequim, Personagens de Teatro.
Escreve o romance Nome de Guerra (só publicado em 1938), que tem como pano de fundo a Lisboa dos anos 1920 que iria rapidamente desaparecer.
Participa no I Salão de Outono, na Sociedade Nacional de Belas-Artes, em Lisboa, apresentando as duas telas destinadas ao café A Brasileira do Chiado, que ficaram conhecidas por Auto-retrato num Grupo e Banhistas.
Pinta um nu feminino para o Bristol Club.
Anuncia, em carta ao Diário de Notícias, a sua descoberta relativa aos painéis atribuídos a Nuno Gonçalves: «os seis painéis têm o chão ladrilhado comum» devendo ser acertados «pela perspectiva dos ladrilhos».
Inicia a publicação de bandas desenhadas no semanário humorístico Sempre Fixe.

A 31 de março parte para Madrid onde ficará cinco anos fazendo inúmeros trabalhos de ilustração, pintura e colaborações várias. Participa na exposição coletiva inaugural da temporada na galeria Dalmau, em Barcelona. Frequenta a tertúlia do café Granja «El Henar». Frequenta o restaurante Arrumbambaya, convivendo com Federico García Lorca.
Faz exposição individual de desenhos na Unión Ibero-Americana, em Madrid.
Começa a escrever El Uno – Tragedia de la unidad, um conjunto de duas peças, Deseja-se Mulher (publicada em 1959 com a data «Madrid, 1928») e S.O.S. Conhece o fundador do futurismo, Filippo Tommaso Marinetti, a quem acusa de ingratidão para com os futuristas portugueses.

Realiza decorações murais para a Residencia de Estudiantes da Fundación del Amo (desaparecida durante a guerra civil), e para o Teatro Muñoz Seca, também destruídas.
Realiza um conjunto de doze painéis em relevo, em estuque pintado, para a fachada e o átrio do Cine San Carlos, em Atocha, Madrid.
A 29 de novembro estreia, no Palacio de la Música, em Madrid, La Tragedia de Doña Ajada: Poema bufo siniestro para canto, recitación, linterna mágica y gran orquesta, Op. 7 do compositor espanhol Salvador Bacarisse, com libreto de Manuel Abril e lanterna mágica de Almada Negreiros.
Vive com a atriz e modelo Ione Mignoni, filha do cenógrafo italiano Fernando Mignoni.
Realiza decorações para o Cine Barceló, em Madrid.
Participa no I Salão dos Independentes na Sociedade Nacional de Belas-Artes, em Lisboa.
Escreve várias peças de teatro.

Regressa a Lisboa a 15 de abril.
Realiza a conferência Direcção Única no Teatro Nacional de Almeida Garrett, em Lisboa, a convite de Amélia Rey Colaço que publica nesse mesmo ano.
Aquando da visita Portugal de Marinetti, critica-o por se ter tornado académico fascista, bem como a António Ferro que o recebe, em textos publicados no jornal.
Faz dois cartazes – com retratos de Beatriz Costa e Vasco Santana – para o filme realizado por Cottinelli Telmo A Canção de Lisboa, de que é também responsável pelo genérico.
Faz um cartaz de propaganda do Estado Novo para o Secretariado de Propaganda Nacional (SPN), com as frases «Nós queremos um Estado forte!» e «Votai a nova Constituição».
Faz a sua quinta exposição individual na Galeria UP em Abril.
Participa no banquete de homenagem ao arquitecto Porfírio Pardal Monteiro.

Desenha um selo para a emissão comemorativa da I Exposição Colonial Portuguesa.
A 31 de março, casa com a pintora Sarah Affonso.
Nasce o filho, José Afonso de Almada Negreiros, a 11 de dezembro.

Publica em Lisboa o primeiro número da revista Sudoeste, com a designação «Cadernos de Almada Negreiros». A revista terá 3 números.
Fernando Pessoa morre a 30 de novembro e Almada publica a 6 de dezembro o texto «Fernando Pessoa, o Poeta Português» no Diário de Lisboa, com um retrato do poeta.

Participa na Exposição dos Artistas Modernos Independentes, na Casa Quintão, em Lisboa, expondo, entre outros, Sargaceira e Duplo Retrato. Aí realiza a conferência Elogio da Ingenuidade ou As Desventuras da Esperteza Saloia (publicada em 1939).
Faz dois painéis e um mapa para a «Exposição Histórica da Ocupação», promovida pela Agência Geral das Colónias do Estado Novo.

Conclui os vitrais da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Lisboa, do arquitecto Porfírio Pardal Monteiro, trabalho iniciado em 1936. É a primeira de várias colaborações com este arquitecto.
Publica o romance Nome de Guerra nas Edições Europa.
É convidado por Eugenio d’Ors, diretor geral de Belas-Artes na Espanha franquista, para expor no Pavilhão Espanhol da Bienal de Veneza, convite que recusa.
Faz a conferência Desenhos Animados, Realidade Imaginada «expressamente a convite da Empresa do Cinema Tivoli para a apresentação do film de Walt Disney Branca de Neve e os Sete Anões. É interrompido e impedido de continuar pelos apupos do público.
A 12 de dezembro intervém no banquete de homenagem ao arquitecto Pardal Monteiro, lendo um texto de homenagem (só publicado em 1972).
Morre o pai, em Paris.
Inicia as decorações a fresco para a sede do Diário de Notícias na Avenida da Liberdade, em Lisboa, num projecto do arquitecto Pardal Monteiro.
Inicia reconstrução da casa numa pequena propriedade em Bicesse, Estoril, onde futuramente terá o seu atelier.
Projeta dois frescos destinados à Estação dos Correios de Aveiro (destruídos) e um painel para a Estação dos Correios dos Restauradores, em Lisboa (destruído).
Conclui os frescos para a sede do Diário de Notícias. Faz a decoração do Pavilhão da Colonização da Exposição do Mundo Português.
Participa na VI Exposição de Arte Moderna, no SPN, e na exposição Alguns Artistas Portugueses, organizada pelo SPN no Rio de Janeiro.
Expõe individualmente pela sexta vez, agora no Secretariado de Propaganda Nacional.

Participa na VII Exposição de Arte Moderna do SPN, e recebe o Prémio Columbano pelas obras Mulher, de 1939, e Homenagem a Luca Signorelli de 1942. Participa na I Exposição dos Artistas Ilustradores Modernos no SPN, Porto.
A 4 de junho nasce a filha Ana Paula de Almada Negreiros.
Escreve o conjunto de ensaios Ver.
Convidado por Duarte Pacheco, Ministro das Obras Públicas, inicia os estudos preparatórios para os murais da Gare Marítima de Alcântara, com projeto do arquitecto Pardal Monteiro.
Termina os murais da Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa.
Participa na X Exposição de Arte Moderna do SPN.
Inicia os estudos preparatórios para os murais da Gare Marítima da Rocha do Conde de Óbidos, em Lisboa, novamente com projeto do arquitecto Pardal Monteiro.
Recebe o Prémio Domingos Sequeira.
Participa na Exposição de Arte Negra integrada na Semana de Arte Negra, organizada por Ernesto de Sousa, com colaboração sua e de Diogo de Macedo, na Escola Colonial, em Lisboa.

Desenha o ex-libris do Tribunal de Contas. Conhece Joan Miró, aquando da passagem do pintor espanhol por Lisboa na sua primeira viagem a Nova Iorque, e mostra-lhe os murais da Gare Marítima de Alcântara.

Realiza vitrais para a Fábrica de Fogões Portugal, na Praça dos Restauradores, em Lisboa (destruídos).
Publica, com um auto-retrato, Mito – Alegoria – Símbolo: Monólogo Autodidacta na Oficina de Pintura.

Termina os murais da Gare Marítima da Rocha do Conde de Óbidos, em Lisboa.
Escreve as peças O Mito de Psique e Aquela Noite – O Meio do Tempo (só publicadas em 1971).
Desenha o padrão de azulejo de revestimento para o prédio da Rua do Vale do Pereiro, nº 2, em Lisboa, do arquitecto Porfírio Pardal Monteiro.
A 17 de junho é representada, pela primeira vez, a peça Antes de Começar no Teatro-Estúdio do Salitre, encenada por Fernando Amado, com figurinos de Sarah Affonso.
Faz o auto-retrato Auto-Reminiscência, durante uma estada em Paris.

Publica A Chave Diz: Faltam Duas Tábuas e Meia no Todo da Obra de Nuno Gonçalves, o Pintor Português Que Pintou o Altar de S. Vicente na Sé de Lisboa.
Desenha os vitrais para a Igreja do Santo Condestável, no bairro de Campo de Ourique, em Lisboa (projeto do arquitecto Vasco Regaleira).
Desenha os vitrais para a capela de S. Gabriel da Estação Transmissora de Radiocomunicações Marconi, em Vendas Novas (projecto do arquitecto Jorge Segurado) (destruídos).

Faz estudos para painéis cerâmicos e um vitral destinados a uma moradia, projetada pelo arquitecto António Varela situada na Rua de Alcolena, n.º 28, em Lisboa.
Realiza a sua sétima exposição individual, na inauguração da Galeria de Março, em Lisboa, dirigida por José-Augusto França.
Faz estudos com o título Lendo o «Orpheu», primeiro projeto para a encomenda de um quadro de homenagem ao Orpheu destinado ao Restaurante Irmãos Unidos, no Rossio, em Lisboa. Acabará por pintar o famoso Retrato de Fernando Pessoa (óleo sobre tela).
Participa no I Salão de Arte Abstracta.
Desenha um painel cerâmico para a Livraria Ática, em Lisboa.
Apresenta, a 12 de maio, a exposição das doze ilustrações de Cândido Portinari para a edição comemorativa do 25.º aniversário de A Selva de Ferreira de Castro, na Livraria Guimarães, em Lisboa.

Desenha dois murais de mosaico para o Bloco das Águas Livres, dos arquitectos Nuno Teotónio Pereira e Bartolomeu da Costa Cabral. Faz duas pinturas murais na Escola Secundária Patrício Prazeres, em Lisboa.
A 8 de junho é representada, pela segunda vez, a peça Antes de Começar no Teatro Nacional D. Maria II. Os atores são a artista Lourdes Castro, autora dos figurinos e desenho de fundo, e Luís Filipe de Abreu. O cenário é de Almada Negreiros.
Inicia os projetos para a decoração das fachadas da Faculdade de Direito, Faculdade de Letras, Reitoria e da Universidade de Lisboa, outro projeto do arquitecto Pardal Monteiro.
Desenha os cartões de tapeçaria O Número e O Contador para o Tribunal de Contas, em Lisboa.
Desenha um cartão de tapeçaria – Portugal – para a Exposição Industrial de Lausanne (Comptoir Suisse).
Participa na I Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian com um conjunto de pinturas geométricas (A Porta da Harmonia, O Ponto de Bauhütte, Quadrante 1 e Relação 9/10).
Pinta dois quadros a óleo para o Tribunal de Contas, em Lisboa. Desenha um cartão de tapeçaria – Passagem do Rio Lethes – para o Hotel de Santa Luzia, em Viana do Castelo.

Faz três cartões de tapeçaria, estudos para desenhos gravados e um painel de azulejos para o Hotel Ritz em Lisboa, projetado pelo arquitecto Pardal Monteiro.
Recebe o Prémio Nacional das Artes, atribuído pelo SNI.
Assina um protesto público contra a nomeação do pintor Eduardo Malta como diretor do Museu de Arte Contemporânea.
Publica a peça Deseja-se Mulher (datada de Madrid, 1928).
Divulga, no Diário de Notícias, na série intitulada «Assim Fala Geometria», a teoria que elaborou acerca do local original dos painéis de São Vicente, obra do século XV de Nuno Gonçalves, baseada em cálculos geométricos.
Termina os painéis a desenho inciso das fachadas da Cidade Universitária, em Lisboa.
Elabora um cartão para tapeçaria destinado à sala de leitura da Biblioteca Nacional, último projeto do arquitecto Pardal Monteiro. Raul Lino, coordenador das obras de arte após a morte de Pardal Monteiro em 1957, manda substituir o cartão de Almada por um de Guilherme Camarinha.
Desenha um cartão de tapeçaria – A Sentença de Salomão – para o Palácio da Justiça, em Aveiro.

É publicado o primeiro livro sobre a sua obra: Almada Negreiros, escrito por José-Augusto França.
Estreia, na Casa da Comédia, a peça Deseja-se Mulher, encenada por Fernando Amado, com cenografia de Vitor Silva Tavares. A interpretação coube, entre outros, a Manuela de Freitas, Fernanda Lapa, Santos Manuel, Zita Duarte, Maria do Céu Guerra e Eládio Clímaco.
Faz 10 gravuras incisas em acrílico para a Cooperativa Gravura, a convite de Júlio Pomar.
Pinta outro Retrato de Fernando Pessoa (óleo sobre tela), encomenda da Fundação Calouste Gulbenkian.

Publica o livro Orpheu 1915-1965, em desdobrável.
A 25 de novembro estreia, no Teatro de São Carlos, a sua encenação d’O Auto da Alma, de Gil Vicente, pela Companhia Rey Colaço/Robles Monteiro, espectáculo para o qual também desenha cenários e figurinos, e constrói objetos de cena e vitrais fingidos.

É eleito membro honorário da Academia Nacional de Belas-Artes.
Recebe o Prémio Diário de Notícias de 1966 – Artes Plásticas.
É-lhe atribuído o Grande Oficialato da Ordem de Santiago e Espada pelo Estado Novo.

Faz os estudos e inicia a realização do painel Começar, desenho inciso em calcário no átrio da sede da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, que inaugura no ano seguinte.
António de Macedo realiza a curta-metragem Almada Negreiros, Vivo hoje.
Ernesto de Sousa faz as filmagens de Almada, Um Nome de Guerra, cuja produção é custeada por artistas plásticos portugueses que cedem obras para serem leiloadas.
É entrevistado na primeira emissão do programa televisivo Zip-Zip, por Raul Solnado e Carlos Cruz.
Faz decorações para duas paredes da Edifício das Matemáticas da Universidade de Coimbra. O projeto é seu, mas já não consegue executá-lo, ficando a pintura a cargo de alunos da Escola técnico-profissional Brotero.

Em janeiro, assiste ao leilão do Retrato de Fernando Pessoa que fizera para o Restaurante Irmãos Unidos, e que atingiu o preço, excepcional para a época, de 1300 contos.
A 15 de junho, morre em Lisboa, no Hospital de São Luís dos Franceses.